A sede

O poço está secando, mas, a tua sede ainda não acabou.

Muitas gerações já se passaram, mas, você ainda é o mesmo.

Ainda que passe até vinte e sete gerações, por Deus, você continuaria a fazer o mais do mesmo.

Até quando?

O tempo está passando e cada nanossegundo é extremamente importante na sua vida.

Subo no lugar mais alto da montanha, mas, não vejo ninguém.

Só vejo nuvens se modificando, se desfazendo, às vezes mudando, às vezes chovendo.

De lá posso ver a grande ampulheta do Universo e o mesmo se movimenta e os seus quinze trilhões de anos luz, me parece ser minutos.

Num alucinado "balet", vou aos confins de Universo e volto no mesmo instante.

E vejo também que a sua sede continua, mas, o  poço está secando.

Voce está cavando o poço e está cada vez mais profundo e agora está chegando na sólida rocha, tão dura que não consegue avançar um centímetro por dia.

Não tem ferramentas e precisa usar as próprias unhas para cavar.

Mas, o poço está secando e a sede não dá trégua.

A garganta está seca, sua boca cola e não abre mais, tamanha a sede.

O sol a pino castiga sua pele sem camisa e queima sem piedade.

O corpo já não agüenta mais, a sede avança, mas, o poço está muito profundo e já não tem água.

A sede está o matando aos poucos, você cai nas profundezas desse poço.

Bate sua têmpora da rocha, desmaia, sonha bebendo algo.

Mas, isto não é água, é nada mais do que seu próprio sangue que está sendo derramado através da garganta.

E a sede não acaba.

A morteé certa, não demorará muito tempo, pois, a areia da ampulheta pessoal está por um fio.

Jazer já não lhe parece cruel, e você busca isto incessantemente

O Adeus final está por um acorde apenas e o sino soará uma vez apenas.

Chegou sua vez, o sino tocou...

Feliz 2022.

Abraços ej...!!!